Apenas esperando

É difícil olhar pra você e fingir que nada aconteceu. Na verdade é impossível. Você está em todos os lugares e está sempre fazendo de tudo para que eu note sua presença, fala mais alto do que o normal e faz de tudo para esbarrar comigo pelo corredor.

Durante todo esse tempo que passamos juntos eu tinha certeza que conhecia você, conhecia seus gostos, seus medos, seus defeitos. Mas agora, depois que você fez questão de destruir o que a gente tinha, eu olho pra você e tenho certeza que não te conheço. E isso dói tanto, que eu queria dormir até essa dor passar.

Antes de conhecer o amor, eu achava que a comida era o principal problema no mundo que também é uma solução. A falta dela causa a morte de milhares de pessoas no mundo, o excesso dela a obesidade, e a ditadura da magreza a anorexia e bulimia. Mas depois que eu bati a porta ontem, eu tive certeza que eu não queria ter conhecido o amor. Ora ele enche seu peito de felicidade e te preenche por inteiro, ora machuca tanto que se eu pudesse arrancaria meu coração só para não ter que sentir esse vazio, sentir que você ainda mora nele, mas não é mas você que vai preencher minhas tardes com seus beijos.

O amor destrói e constrói. Você fez eu me tornar uma nova pessoa, a melhor face de mim mesma despertou com um beijo seu. Mas você destruiu tudo, e ainda saiu falando pro mundo “olha o que eu fiz”.

Chorar não adianta nada, a dor simplesmente não sai do meu peito. Quebrar todos os porta-retratos com fotos nossas não resolve nada. Eu já estou quebrada. E a cola para juntar os pedaços que estão caídos no chão do meu quarto é o tempo.

E como o tempo demora pra passar, cada hora parece ter 300 minutos e não 60. Eu fico aqui sentada, olhando você passar, a vida passar, as pessoas irem e virem. Deito na minha cama, e fico olhando para o teto até o sono vencer minhas lágrimas. Fico apenas esperando o dia acabar, a semana acabar, o mês, o ano. Eu fico apenas esperando minha mente esquecer você.

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